quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A cobiça e a inveja


A cobiça e a inveja
Tiago 4:1-12

"Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Cobiçai ... Invejai ..." (v1-2).

Dia desses, li no jornal [1] o artigo de um jornalista e escritor sobre nossos momentos, que transcrevo:

"No século passado, os deuses da embriaguez e da destruição mantiveram os seres humanos de joelhos diante dos altares da guerra. Eles nos impuseram a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918. Depois, a Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939. Na esteira da Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, fizeram-nos engolir os conflitos da Coréia, do Vietnã, dos Seis Dias e do Yom Kippur, para citar apenas alguns.
Nos anos 80, argentinos e ingleses se ajoelharam, nas Malvinas (ou Falklands), nos templos ensangüentados de deuses movidos pela fúria e pela cobiça. Ambos os exércitos caíram de joelhos, pois os donos da guerra não distinguem vencedores ou vencidos, já que são todos vítimas da desumanização.
Na América Latina, a Guerra Fria desaguou no lodaçal das ditaduras militares, que se multiplicaram a partir da revolução cubana de 1959. No Brasil, os militares depuseram o presidente João Goulart, que fugiu para o Uruguai e morreu no exterior, em 1976. Mantiveram-se no poder durante duas décadas, estimulando inclusive a implantação de outros regimes totalitários em países vizinhos, como Argentina, o Chile e o Uruguai. Em decorrência, criou-se uma espécie de multinacional da repressão. Muita gente morreu em conseqüência da defesa pacífica de suas idéias. Adversários políticos das ditaduras foram encarcerados, alguns foram assassinados nas prisões, outros simplesmente "desapareceram". Em Santiago, no Chile, os cadáveres das vítimas do regime do general Pinochet atravessavam a cidade boiando nas águas do rio Mapocho, para o regozijo dos deuses da destruição.
As ditaduras se foram em marcha batida, pela porta dos fundos da história. Caiu o muro de Berlim, desapareceu a União Soviética. As mudanças trouxeram ganhos, mas as perdas persistem. Mais, ampliam-se. Aprofundam-se as zonas de miséria e os desequilíbrios sociais. O terrorismo surpreende. A droga viaja pelos cinco continentes. A violência urbana explode. Os seres humanos destroem o meio ambiente, queimam as florestas, esgotam as reservas de água potável, eliminam até as línguas.
A década de 90 registrou a Guerra do Golfo, com seus "ataques cirúrgicos"; a Guerra da Bósnia, quando os sérvios se despiram das roupas civilizadas e avançaram sobre os bósnios e croatas como lagartos insaciáveis. Revelou a sanha destruidora da Indonésia contra os habitantes de Timor Leste; a brutalidade dos hutus, que eliminaram 1 milhão de Tutsis, em Ruanda. Mostrou combates armados no Afeganistão, na Armênia, na Argélia, no Azerbaijão, na Líbia, no Burundi, na Somália, no Tibete, no Zaire, no Líbano, na Geórgia, no Sri Lanka, no Curdistão e na Irlanda do Norte.
Na segunda Guerra Mundial houve momentos de rara violência, como os bombardeios a Hiroshima (90 mil mortos) e Nagasaki (70 mil). Mas nada superou os ataques aéreos contra a cidade alemã de Dresden, em 13 e 14 de fevereiro de 1945, quando morreram 135 mil pessoas. A tragédia sublinhou a insanidade da guerra e enlutou para sempre a memória dos seres humanos, mas o povo alemão, encerrado o conflito, pôs-se em pé e reconstruiu a cidade. Reergueu-a do pó e da cinza, de maneira inacreditável – e quase milagrosa. Agora, as enchentes, na Europa, castigaram duramente algumas regiões da Alemanha – e arrasaram Dresden. No século 21, os deuses da embriaguez e da destruição já não chegam somente nas asas da guerra. Eles vêm montados na própria natureza. Vingam-se das agressões por ela sofridas. Descem nas águas das inundações, invadem a atmosfera com inconcebíveis nuvens de poluição, acabam com as geleiras, extinguem-se espécies. Os deuses da insensatez e da morte talvez ainda sejam os mesmos, mas, hoje, usam formas diferentes de manifestar o seu desencanto, a sua desilusão com os destinos humanos".

Isso, e muito mais, é o resultado da ação da cobiça e inveja. Se nos fosse possível investigar as verdadeiras razões por trás de cada uma dessas lutas descritas no texto veríamos a presença da cobiça e inveja; elas foram perfeitamente identificadas por Tiago como causas últimas das guerras e lutas dos homens, responsáveis diretas pela crucificação do Senhor Jesus. Senhor. Livre-nos da cobiça e da inveja, por amor do seu nome. Amém.

Pedro Alaor

[1] Folha de São Paulo, 31/10/02, artigo de Rodolfo Konder.

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